sábado, 19 de dezembro de 2009

UM RELATO IMPORTANTE


Por José Claudio Neves de Freitas Junior*

Amigos sociólogos,

Estive recentemente na Secretaria de Educação, no setor de nível médio, no intuito de obter informação sobre o concurso e a abertura para contratação provisória. Eu que estava feliz da vida, pois teria a oportunidade de terminar a faculdade e fazer um concurso efetivo na Educação e se tudo desse certo iria passar e trabalhar dando aula como funcionário EFETIVO, mas vi tudo indo por água abaixo ao ouvir do Chefe do Setor de Nível Médio de que NÃO HAVERÁ mais o Concurso e a mesma conversa de antes “de que a demanda era pouca, a carga horária é pequena, não abriria tantas vagas assim...”. Após essa colocação me questionei: "um representante da secretaria foi na nossa reunião (realizada no início de novembro) firmou um compromisso e agora vem novamente uma ordem de cima mandando parar com tudo". Logo perguntei: "E o edital para contratar professores provisórios?" ele respondeu: "Tá rolando já aí, mas na tua área não sei se vai rolar" novamente eu questionei: "Eu não quero ficar em Rio Branco, quero uma vaga em Cruzeiro do Sul"; daí veio uma resposta que me surpreendeu: "Lá é que não tem demanda mesmo!". Logo em seguida ele entrou na sua sala e eu fiquei ali parado me vendo novamente com as mãos, os pés e até a língua amarrada.

Após vivenciar esse último momento fiquei "louco" querendo encontrar alguém e contar o que eu tinha ouvido, principalmente meus colegas de sala e professores. Encontrei alguns e fui contando, mas poucos falaram alguma coisa do tipo: "temos que fazer alguma coisa". A maioria simplesmente ouviu e disse: "é foda mesmo!". E ao relatar este fato ao professor Adão Galo ele me deu a seguinte sugestão: "Rapaz, escreve sobre isto e vamos divulgar". Eu disse: "Professor estou na reta final da minha monografia, não tenho tempo de sentar, pensar e escrever." Logo fui respondido: "Você quer momento melhor do que esse?"; e ao chegar em casa sentar e ler minha monografia vi que ele estava certo, pensei o que vivo ouvindo de pessoas formadas na nossa área: "É fogo fazer Ciências Sociais, você passar anos estudando, conhecendo as amarras desse sistema, isso desperta em você a vontade de mudar e quando enfim nos formamos, tudo muitas vezes é deixado de lado, pois necessitamos comer, dar de comer aos filhos, ou seja, somos dependentes desse sistema da maneira mais cruel, pois conhecemos ele sabemos o que deve ser feito para mudar, mas não podemos fazer nada". Com isso me questionei: "Serei eu mais um a pensar dessa maneira?". Isso fez com que eu me senta-se e começa-se a escrever. Gostaria então colocar alguns pontos e fazer com que quem leia esse texto possa questionar com outros companheiros de categoria isso que estamos vivendo.

Será que a secretaria teria como nos repassar uma listagem com os nomes e quantidade de professores no nosso estado que dão aula de Sociologia e Filosofia com a cópia de um certificado que comprove que ele é devidamente licenciado para dar aula nessas disciplinas?

Provando o contrário do que vimos em escolas durante nossos estágios supervisionados, quando perguntávamos aos professores de Sociologia e Filosofia sua área de formação uns diziam que eram Pedagogos, outros Historiadores, uns formados em Letras e alguns acadêmicos de Universidade fazendo algo que, segundo informações, funciona da seguinte maneira: O professor efetivo "pega" umas horas a mais, muitas vezes no período da noite, onde a necessidade é maior, convida algum conhecido que está fazendo faculdade, conversa com o Diretor da escola, e o mesmo, necessitando de professores, aceita que o acadêmico ministre aulas no lugar do professor efetivo. Este, por sinal, passa ao seu substituto uma quantia irrisória, muitas vezes menor que um salário mínimo. Sem contar o fato de não haver contrato, muito menos carteira assinada como prevê a lei.

Fatos como estes tendem a perdurar por anos se continuarmos calados, sem agir, como diz a gíria: "deixando quieto". Desta maneira, nunca vamos ter uma solução definitiva para os nossos problemas. Portanto, colegas, está na hora de falarmos, publicarmos e expressarmos de maneira mais ampla os nossos pensamentos. Será que passamos anos na academia para deixar guardado tudo o que aprendemos? Estamos deixando as oportunidades passarem, e quando elas passarem, vamos ficar nos lamentando? Precisamos nos organizar.

Outros companheiros já vivenciaram isto no passado e avançaram uma etapa (criaram a Associação). Mas, infelizmente, não houve continuidade no processo organizativo. Agora, estamos aqui novamente, sofrendo várias conseqüências dessa nossa não organização, brigando por um mercado de trabalho que por lei é nosso. É triste ver cientistas sociais acomodados com essa SACANAGEM que o estado faz com o ensino de sociologia.

Vamos nos organizar, vamos pensar como uma categoria para podermos ter termos VOZ ATIVA contra a usurpação que fazem aos sociólogos.

Novamente estamos buscando reativar a Associação. Pro negócio começar a andar é necessário que cada um faça pequenas coisas, como: se filiar (e manter contato com a Associação), fazer o seu registro profissional e, por último, divulgar (chamando formados na área para se filiar a Associação). Se cada um fizer sua parte, as coisas vão fluir, pois, diretoria provisória nós temos, só falta vocês (Sociólogos formados) aderirem a luta.


*José Claudio Neves de Freitas Junior é acadêmico do 8º período de Ciências Sociais da UNINORTE